Resultados da Pesquisa AdSense Aprimorado

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Resposta do #mobilizacultura para "O autor existe"

Ponho abaixo um Ctrl+V de uma outra resposta inteligente contra o retrógrado compositor Fernando Brandt. Veja: 


o autor existe.
DE TODAS AS ARTES, NÃO SÓ OS DA MÚSICA. E OS DA MÚSICA PRECISAM DE RESPEITO;
o direito autoral é uma conquista da civilização, o contrário é a barbárie.
E PARA CONTINUAR ASSIM, PRECISA CHEGAR NO BOLSO DO SEU TITULAR. DO CONTRÁRIO PERDE A CREDIBILIDADE DE QUE PRECISA;
o direito autoral é um dos direitos humanos (carta da ONU).
E FOI O ESTADO QUE ASSIM O RECONHECEU, AO ADERIR À ONU, AOS TRATADOS E A VIABILIZAR A GESTÃO COLETIVA CENTRALIZADA;
ao autor pertence o direito exclusivo de utilizar sua obra (cláusula pétrea de nossa Constituição).
MAS ISSO NÃO SIGNIFICA QUE SEU DIREITO INDIVIDUAL É SUPERIOR AO COLETIVO;
o direito autoral é um direito privado.
ASSIM É EM TODOS OS PAÍSES, NO MUNDO INTEIRINHO. MESMO ASSIM HÁ REGULAÇÃO ESTATAL EM QUASE TODOS ELES;
somos capazes de criar e administrar o que nos pertence. para isso, não precisamos da mão do Estado.
COM ESSES CUSTOS EXORBITANTES? COM COMISSÕES MILIONÁRIAS? E COM COITINHOS ENTRANDO POR TODO LADO? ACHO QUE NÃO MESMO…
há dois lados na questão: o criador que quer receber e empresas que não querem pagar.
FALTA O TERCEIRO LADO: O ADMINISTRADOR DO DIREITO, QUE PRECISA ENTREGAR O DINHEIRO DIREITINHO AO TITULAR;
para resolver isso, a Justiça e o Estado podem e devem colaborar.
MAS TAMBÉM E PRINCIPALMENTE AS SOCIEDADES AUTORAIS, ENXUGANDO CUSTOS, IMPEDINDO COITINHOS, SENDO DEMOCRÁTICAS, TRANSPARENTES, ETC;
a lei atual protege os criadores no mundo real e no virtual. ela pode ser melhorada e aprimorada.
É VERDADE, MAS ESPECIALMENTE PARA A MÚSICA, OS ÚNICOS CRIADORES QUE POSSUEM GESTÃO COLETIVA CENTRALIZADA, NECESSÁRIA A QUASE TODOS;
o que se passa na internet em relação ao direito autoral é transitório:
HÁ CONTROVÉRSIAS;
a tecnologia que cria supostos conflitos os resolverá.
É BEM PROVÁVEL, E COM A AJUDA DO ESTADO, CERTAMENTE OS RESOLVERÁ MAIS RÁPIDO, DE FORMA MAIS JUSTA E DEMOCRÁTICA;
PRINCIPALMENTE PORQUE NO ESTADO OS DOCUMENTOS ESTARÃO DISPONÍVEIS;
A OCUPAÇÃO DOS CARGOS SERÁ ENFIM ROTATIVA;
E HAVERÁ GARANTIAS À PARTICIPAÇÃO DE TODOS NA ELABORAÇÃO DOS CRITÉRIOS, TABELAS ETC.
todos os autores têm de ter à sua disposição todas as informações sobre o que se arrecada e se distribui.
UÉ, MAS ENTÃO PORQUE SÓ HÁ DISPONÍVEIS 30 ATAS DAS QUASE 400 REUNIÕES DO ECAD?
E PORQUE NÃO SÃO PUBLICADOS OS RELATÓRIOS ANUAIS, JUNTO COM O BALANÇO?
E PORQUE O REGULAMENTO DE ARRECADAÇÃO NÃO ESTÁ DISPONÍVEL?
E PORQUE NÃO SABEMOS QUANTO CUSTA – EM DETALHES – A GESTÃO PARA A QUAL PAGAMOS?
essa comunicação tem de ser pública e oferecida, também, ao Ministério da Cultura.
MAS HÁ ANOS, O MINISTÉRIO DA CULTURA BRASILEIRO SÓ OBTÉM ESSA COMUNICAÇÃO POR IMPOSIÇÃO OU FORTE PRESSÃO;
NO MUNDO INTEIRO EXISTE REGULAÇÃO PORQUE ESSAS COMUNICAÇÕES “NUNCA GOSTARAM” DOS MINISTÉRIOS DA CULTURA;
a função social da arte é espalhar beleza e prazer estético para a humanidade.
BELEZA E PRAZER ESTÉTICO SÓ NÃO SÃO MAIS CONTROVERSOS DO QUE A EFICIÊNCIA DO ECAD E DAS SOCIEDADES QUE O INTEGRAM;
ESPECIALMENTE A QUE DÁ AS CARTAS NO ECAD E, POR COINCIDÊNCIA, ENDOSSOU O COITINHO (E SABE-SE LÁ MAIS QUEM);
a obrigação de tornar a cultura acessível a todos é do Estado, sem prejudicar o autor.
PRINCIPALMENTE QUANDO O ESTADO INTERVÉM CONTRA PREÇOS EXORBITANTES, POSTURAS INTRANSIGENTES E CUSTOS DESMEDIDOS;
IMPOSTOS POR REPRESENTANTES DE AUTORES QUE NÃO TEM A MAIS VAGA IDÉIA DO QUANTO JÁ ESTÃO SENDO PREJUDICADOS.
 
 
Mas pelo que me consta, o site foi desativado.

Resposta INTELIGENTE para "O autor existe"

Encontrei na Internet (passo o link abaixo) um brilhante texto refutando todas as falácias do retrógrado compositor Fernando Brandt sobre Direitos Autorais.

Abaixo, o Ctrl+V do texto:

Fernando Brant e sua Contra-Reforma.
Por Pedro Germano Leal
‘O autor existe’, com bastante boa vontade eu faço uma suspensão de juízo e concordo, só pra ler o que me espera:
--- o direito autoral é uma conquista da civilização, o contrário é a barbárie.
Vamos lá: Fernando Brant tenta esconder aqui qual a razão deste manifesto. E por que? Porque ele tem o interesse de usá-lo para fundamentar argumentos alheios a ele (oportunamente ocultos), na defesa da Contra-Reforma da Lei dos Direitos Autorais.
Para defender sua posição, chega ao cúmulo de dizer que o contrário do direito autoral é a barbárie. Será mesmo?
Será que William Shakespeare preocupou-se com direitos autorais quando fez seu Romeu e Julieta? Johann Sebastian Bach por acaso ‘pagou os direitos’ ao musicar suas missas, ou reelaborar as fugas? Quanto foi pago a Leonardo da Vinci pelas infindas cópias de sua Monalisa? Qual foi o contrato de Platão pelos seus diálogos? Quanto foi pago ao autor da escrita para que nós fizéssemos uso da mesma? Quanto terá pago Virgílio por usar motes da Odisséia de Homero? E em quanto foi condenado Camões por fazer o mesmo com Virgílio? A quem tiveram os egípcios que enviar a solicitação para construir os templos e pirâmides que atravessaram eras? Quanto devemos aos franceses por usar seu modelo de República?
Numa simples frase, Fernando Brant consegue condenar a própria civilização à total barbárie, só para lançar um argumento ‘de (d)efeito’! De todas as defesas feitas aos privilégios das leis de direito autoral, esta é o mais abjeta e patética. Brant esconde, de propósito, o fato de que as leis de direito autoral não são tão antigas quanto ele suspeita, e que seu contrário não é a barbárie: afinal, entre Brant e Mozart, prefiro o bárbaro!
Veja-se que a lógica do direito autoral só vale para os privilegiados que entendem que seu trabalho é diferente dos demais. Querem um exemplo? Um sujeito “A” exige que se pague os direitos pelas músicas que compõe (a cada vez que sejam executadas publicamente). Mas ele paga direitos ao Luthier que fez seu instrumento (qualquer que seja) a cada vez ele o soa? Não. O sujeito que faz seus instrumentos é portanto bárbaro, a ponto de não merecer as benesses da civilização? Brant paga ao arquiteto da sua casa cada vez que entra lá para dormir? Paga também a quem produziu os tijolos?
Vamos adiante:
--- o direito autoral é um dos direitos humanos (carta da ONU).
E...? Ninguém disse o contrário!
--- ao autor pertence o direito exclusivo de utilizar sua obra (cláusula pétrea de nossa Constituição).
Não é verdade. Se fosse, não seriam grandes gravadoras que deteriam os direitos de autores, até mesmo quando decidem não mais publicá-lo. Se o Direito Autoral existe, deveria servir para defender os autores e os consumidores do seu trabalho, desses contratos vergonhosos impostos pelos grandes selos – e isso, para começar.
--- o direito autoral é um direito privado.
Esta é uma falácia do tipo dicto simpliciter. A coisa é muito mais ampla e complexa, e não há espaço aqui para dar uma aula de direito ao Brant (embora necessária).
--- somos capazes de criar e administrar o que nos pertence. para isso, não precisamos da mão do Estado.
O libelo neoliberal é hilário. Padece daquilo que sofre todo discurso liberal: tá certo, vocês não precisam do Estado, mas quando dá problema, a quem vão pedir? Por que Brant então defende a Lei Rouanet? Por que precisa do Estado?
E mais, agora cada classe no país vai administrar e criar o que lhe pertence. Ahã... E por que Brant inicia sua exposição citando a Constituição e os Direitos Humanos? Se eles podem administrar o que lhes pertence é o Estado quem garante essa segurança.
--- há dois lados na questão: o criador que quer receber e empresas que não querem pagar.
Errado. Brant esquece aqui – e de propósito – que há um terceiro lado: o do consumidor de bens culturais, amparados pelas mesmas cartas que ele cita.
--- para resolver isso, a Justiça e o Estado podem e devem colaborar.
Aqui beiramos o ridículo: a Justiça “pode colaborar”? Como Brant vai resolver um impasse? Vai fazer ‘justiça com as próprias mãos’? O sujeito gasta tinta dizendo que o direito autoral é um ‘direito’, que está entre os ‘direitos humanos’ e na ‘constituição’, para depois dizer que a Justiça e o Estado são acessórios! Com uma contradição dessas, espera o Brant ser levado a sério?
--- a lei atual protege os criadores no mundo real e no virtual. ela pode ser melhorada e aprimorada.
Isso é óbvio, e não se aplica apenas aos direitos autorais.
--- o que se passa na internet em relação ao direito autoral é transitório a tecnologia que cria supostos conflitos os resolverá.
Além de profeta, o Leonardo faz o quê? Ora! O que se passa na internet é tão transitório quanto o próprio direito autoral. Tudo é transitório. Brant não é capaz de perceber isso porque só entende haver civilização a partir do surgimento do direito autoral. E isso restringe enormemente sua capacidade de reconhecer a transitoriedade das coisas. Segundo um ‘bárbaro’ grego: ‘nunca se passa duas vezes pelo mesmo rio’.
--- todos os autores têm de ter à sua disposição todas as informações sobre o que se arrecada e se distribui.
Pronto, concordamos! Mas acredito que ninguém discorda disso! Mas aí tem um problema: se Brant diz que ‘nós’ somos capazes de gerir e administrar os direitos autorais sem a ajuda do Estado, por que é que os autores não têm essa informação à disposição? Será mesmo que Brant não reconhece a profunda contradição que existe aí, ou simplesmente finge que não vê?
--- essa comunicação tem de ser pública e oferecida, também, ao Ministério da Cultura.
Afinal, ele é só um acessório, que segundo o Brant só serve para dar dinheiro através da Rouanet, e pronto. Privilegiar uma classe de pessoas ao invés de criar uma política que estenda o acesso a cultura como um direito de todos os cidadãos. Não vejo Brant dizer nada contra o uso do dinheiro público para bancar produções que depois não estarão disponíveis ao público (embolsando, inclusive, as bilheterias, etc.). Se é essa a visão do Brant de política cultural, faz bem ao país e aqueles que acreditem no direito à cultura, ficar longe dessa pequeneza neoliberal.
Quem determina que 'tem que ser' é a lei. E quem institui a lei é o Estado. Quer dizer, mais uma contradição aí, para quem trata o Estado como acessório.
--- a função social da arte é espalhar beleza e prazer estético para a humanidade.
Entendi... Além de brilhante historiador, jurisprudente, consultor e profeta, Brant é teórico da arte, também. E consegue sintetizá-la na mais medíocre acepção. Para ele a função social da arte não difere, por exemplo, da função social de uma foto pornográfica, ou uma paisagem bonita. É assustador.
Brant certamente joga no lixo o que pensam outros artistas que fizeram de sua arte a razão de sua existência, que expressaram através dela a dor e a revolta, a miséria humana. Com essa definição da função social da arte, Brant é incapaz de ver a diferença entre Disneyworld e Édipo Rei. E ainda é ‘consultor’... Quem tem um consultor desse não precisa de detrator.
--- a obrigação de tornar a cultura acessível a todos é do Estado, sem prejudicar o autor.
Ou seja, o Estado tem a obrigação de comprar, aquilo que o Brant defende que ele teve também de pagar para ser feito. Só isso. É realmente um gênio da classe dos ‘produtores culturais’ que não produzem cultura alguma. Brant, como teórico do Direito, acaba de criar o único direito inflexível, que não esteja sujeito a um direito maior.
--- O raciocínio de Brant é tão limitado, que é fácil fazer um diagnóstico:
A civilização só existe a partir da lei de direito autoral (!); o Estado serve para bancar produções autorais, e nada além, devendo depois comprar pelo preço que sugerem os autores (!); os problemas com direito autoral na internet são transitórios, mas o resto do universo, não.
Quer dizer, suas premissas só valem para aquilo que ele determina! A função do Estado e da Justiça (como se fossem coisas diferentes) só deve ir até onde ele quer, e esse limite é o privilégio. O que os defensores da Contra-Reforma da LDA querem é a manutenção de um privilégio, às custas do estabelecimento de um direito, que está previsto nas mesmas fontes que Brant cita, mas que ele é capaz de ignorar – tal como ignora, para satisfazer seus pobres argumentos, a História da Humanidade, e a função social da arte.
Como bom liberal que é, ele e seus asseclas deveriam bancar sua punheta artística, de espalhar beleza e prazer estético, com o dinheiro de seus papais e mamães, e não com o dinheiro público.

O link da postagem original é este: 
http://www.advivo.com.br/comentario/re-a-mudanca-na-lei-de-direitos-autorais-inglesa-29